UM RESUMO DA HISTÓRIA DE ISRAEL

INTRODUÇÃO


Para a leitura e compreensão bíblica, a aproximação histórica tem papel importante e fundamental. O AT foi escrito há milhares de anos, em outra época, em outra cultura, em outra língua. O estudo sério nos ajudará a compreender todo o contexto histórico.

A história do povo de Israel, por vezes chamado de hebreus, é bastante complexa no que tange a sua formação. Tentarei simplificar bastante toda a história israelita, traçando uma linha temporal, que servirá de base para nosso atual estudo.


Antes, porém, é necessário mencionar que o livro de Gênesis não é um livro que tem por objetivo narrar a história do mundo. O primeiro livro da Bíblia não é um livro de história. Os livros de história têm como objetivo tentar reconstruir perfeitamente o passado. O Gênesis não tem essa preocupação. Sua principal função é dar sentido a sua própria existência, o que era algo bem único em relação a seus vizinhos regionais. Israel, como povo, sabia que sua existência veio no decurso da história. O que parece óbvio, em realidade não o é. O Egito, por exemplo, não tinha uma história de formação. Eles se consideravam como povo desde a eternidade. Tanto era assim, que eles não tinham uma palavra para designar “seres humanos”. A palavra que usavam para se referir à humanidade era “egípcio”[1].  Ou seja, Israel fazia de sua história objeto de reflexão. Reconhecia que foi Deus quem criou a humanidade, escolheu Abraão e formou o povo israelita. Resumindo, a narração em Gênesis, mais do que contar uma história, quer transmitir que Deus esteve presente em todo o processo de formação e história de Seu povo.

A origem de Israel se encontra na primeira metade do segundo milênio a.C. (aproximadamente 2000-1550).

história de israel
Israel e seus vizinhos


A figura acima retrata, de maneira resumida, a situação política e geográfica da época dos patriarcas. A narrativa bíblica nos indica que Abrão, em determinado momento, e motivado por Deus, deixou sua terra em Ur (na Babilônia) e partiu para Canaã. O detalhe, porém, é que tanto Abraão, como seu pai e seus parentes, permaneceu em Aram (ou Harã, ou Padã-Harã). Por isso, havia um elo e sentimento de pertencimento dos futuros israelitas para com o povo arameu. O povo israelita era parte do povo arameu, assim como o povo de Edom, Moabe e Amon.  Portanto, Israel, em um princípio, sentia-se irmão desses povos. Com o passar do tempo, porém, houve um distanciamento em relação a este sentimento. Tudo isto pode ser constatado na narrativa de Gênesis, nas chamadas “sagas de separação”: Gn 13 (quando Abraão se separa de Ló – Israel de Moabe e Amon); Gn 31 (quando Jacó se separa de Labão – Israel de Aram); Gn 33.1-16 (quando Jacó se separa de Esaú – Israel de Edom).

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Assim, vê-se que a narrativa de Gênesis vai muito mais além do que uma simples história de formação. E não somente isto, mas que a formação história de Israel é algo muito difícil de ser remontado de maneira exata.

Como recomendação para futura leitura e melhor compreensão dessa época patriarcal, recomenda-se a leitura dos livros  “História de Israel e dos povos vizinhos” de Herbert Donner e “História de Israel” de John Bright.

Desta forma, Israel, como povo, não foi formado a partir de um único homem (Abraão). O que fez de Israel um povo não foi sua “genética abraãmica”, mas, sim, sua fé no Deus de Abraão: “disse mais: ‘Eu Sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó!’” (Ex 3.6). A identidade de Israel como povo é a fé em Javé.

É importante ter isso em mente para o decorrer da história que será narrada aqui.

Pois bem, Abraão saiu da terra de Harã para uma terra que não conhecia. Naquela época, povos cananeus habitavam toda a terra de Canaã (os amorreus, os girgaseus, os jebuseus, os heteus, também chamados de hititas etc.).


Naquele mesmo momento fez o SENHOR a seguinte aliança com Abrão: “Aos teus descendentes dei esta terra, desde o ribeiro do Egito até o grande rio, o Eufrates: a terra dos queneus, dos quenezeus, dos cadmoneus, dos hititas, dos ferezeus, dos refains, dos amorreus, dos cananeus, dos girgaseus e dos jebuseus!” (Gn 15.18-21).


Abraão era seminômade. Percorria as montanhas da Palestina em busca de pasto para seu gado, prática comum entre os seminômades. A saga dos patriarcas continua com Isaque e Jacó até o exílio egípcio, após José.

É importante mencionar que, quando o povo ficou escravizado no Egito, era apenas uma parte do que seria o povo de Israel posteriormente. Foi no Egito que Moisés recebeu a revelação de que Javé era o Deus de seus antepassados. Essa teofania (manifestação/revelação divina) levou Moisés a libertar seu povo, em face da promessa que Deus fizera a Abraão (de que Canaã seria sua). A situação política na época do êxodo, milagrosamente, foi favorável à fuga dos hebreus. O Egito controlava toda a região Palestina nessa época, organizando os povos em cidades-estados. Como havia outros povos que queriam conquistar essa área, o Egito enfraqueceu e, juntamente com ele, as cidades-estados. Desta maneira, os quarenta anos de peregrinação no deserto foram suficientes para a definitiva crise do Egito e para a conquista dos territórios por Israel, já que as cidades-estados não tinham mais a ajuda egípcia.

É importante mencionar que, quando Israel saiu do Egito, povos do deserto se uniram a ele por causa da fé em Javé. Os povos desérticos eram seminômades (igual que Abraão). Desta forma, eles se identificaram com a história de Israel e com a promessa de que Deus lhes iria conceder Canaã para viver como povo. É justamente por isso que Israel não pode ser considerado um povo genético. Eles são um povo unido pela fé.

É a partir da conquista da terra que a verdadeira história de Israel começa a ser escrita. Tudo isto que vimos até agora apenas pode ser considerada a pré-história israelita.

Após a conquista da Transjordânia (o lado oriente do rio Jordão), Israel, finalmente, chegou a Canaã (do lado ocidental do rio Jordão, chamado de Cisjordânia), com Josué. Podemos ver o relato dessas conquistas no livro de Josué e no começo do livro de Juízes. O livro de Juízes se dedica a relatar o processo de conquista das demais tribos e como foi a vivência de Israel nessa nova terra. Como o próprio livro nos diz, houve muitos problemas em relação a apostasia (abandono da fé). O povo, segundo nos diz o autor de Juízes, não expulsou os povos cananeus da terra. Apenas em alguns lugares, esses povos foram expulsos. Os cananeus viviam junto com os israelitas recém-chegados em Canaã. Como é de se supor, como a cultura cananeia era muito influente, logo os israelitas foram “contaminados” por ela.

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Mapa das tribos de Israel


O livro de Juízes nos informa como os israelitas apostatavam de Javé e logo eram livrados por um juiz que Deus levantava. Essa trama é seguida por todo o livro, que também narra algumas histórias avulsas de fatos chocantes que ocorreram nesse período.

INÍCIO DA MONARQUIA

Após esse período sem um rei que desse ordem à nação, o povo clama por uma liderança máxima. É quando surge Saul (da tribo de Benjamin, detalhe importante) e lidera, agora oficialmente, a nação de Israel, através de designação profética (Samuel, o profeta, o ungiu como rei). Todas as tribos foram unificadas em uma só nação. Essa unificação, apesar de não ser tão forte como parece, permaneceu com Davi (o rei mais importante e que conseguiu uma grande expansão territorial) e com Salomão, seu filho. A união entre as tribos nunca foi algo forte. Desde os tempos dos juízes, havia rixas entre as tribos. Isto não mudou com a aparição do Reino Unido de Israel. Se as tribos continuaram unidas, foi tudo graças a Davi, o único rei que era legitimado tanto pelas tribos do norte quanto pelas do sul.

Obviamente, não todo mundo aceitava Davi (da tribo de Judá) como rei legítimo sobre todas as tribos (II Sm 16.5-8; 19.41-43; 20.1). As tribos nortistas sempre foram mais simpáticas à descendência de Saul, enquanto que Judá, é óbvio, era mais simpática à linhagem davídica.

Apesar de ser um grande rei, Davi cometeu erros que desgastaram a relação, não somente, entre Tribos Nortistas x Tribos Sulistas, mas até mesmo de sua própria família. O evento crucial para isto foi o caso onde Amnom estuprou sua meia-irmã Tamar. A passividade de Davi em corrigir seu filho causou a ira de Absalão (irmão de Tamar). Disto, desencadeou-se a revolta de Absalão para usurpar o poder no Reino Unido de Israel. A revolta deste príncipe não deu frutos e, além disso, ele acabou assassinado por Joabe, comandante do exército de Davi. Este último fato é de muita importância também, pois, ao saber que Absalão havia morrido, e a revolta havia se extinguido, Davi chorou muito a morte de seu filho conspirador (II Sm 19, 4). Este luto causou indignação por parte de Joabe, pois Davi lamentou a morte de um filho conspirador em vez de se alegrar por causa do livramento que havia recebido. Por haver repreendido o rei, Joabe foi destituído do exército, fato que desagradou bastante às tribos nortistas. Daí, surge Seba, o responsável por armar uma segunda rebelião (também falida), agora pedindo a separação das tribos.


A união das tribos não era algo fácil de manter. Davi, porém, conseguiu isto, mesmo com o desagrado de alguns.

Essa união continuou na pessoa de Salomão, apesar de o sentimento de separação ser reforçado ainda mais, com o posterior aumento de impostos, que será explicado o porquê disto.

A primeira ação de Salomão no reino foi a de eliminar todos os possíveis conspiradores do trono, inclusive seu meio-irmão Adonias. Outra ação desse rei foi a de fazer alianças com várias nações (por isso os muitos casamentos). Salomão, por ser muito inteligente, conseguiu expandir as rotas comerciais do reino. É por isso que foi o período mais próspero de toda a história de Israel. Tal foi a prosperidade econômica, que Salomão conseguiu construir o Templo (muito importante para o Reino) [2]. Apesar, porém, da prosperidade do Reino, Salomão aumentou muito os gastos da corte com seus luxos. Isto o levou a aumentar os impostos em Israel, aplicar a corveia e a vender territórios (que seu pai conquistou), o que desagradou em muito ao povo.

Quando morreu Salomão, Roboão, seu filho, assumiu o trono, mas após um tempo, as tribos se separaram (as do norte das do sul).

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A partir daí, começa a história dos dois reinos: Reino de Israel (ao norte) e Reino de Judá (ao sul).

DIVISÃO DO REINO

Quando da morte de Salomão, Roboão, eu filho, assumiu o poder. Bright afirma que a aceitação da parte do povo em Judá foi normal. Faltou-lhe, porém, dirigir-se a Siquém para ser aclamado rei de Israel e, assim, manter a monarquia unida. A falta desse detalhe e mantidas as imposições salomônicas fizeram com que as tribos do norte quisessem a separação.

Separando-se em dois reinos, Jeroboão assumiu o reino em Israel, por designação profética, tal como Saul.

Os dois reinos, ocupados com problemas internos, começaram a ruir, perdendo territórios para os reinos vizinhos. O império construído e desenvolvido por Davi e Salomão desapareceu. A economia foi fortemente afetada e prejudicada. Israel já não era a potência que veio a ser com Davi e Salomão.

Houve um período de combates entre os dois recém-separados reinos, tendo como o motivo as fronteiras benjamitas. Roboão conseguiu recuperar Jerusalém, a capital do reino. Com isto, estabeleceram-se as fronteiras entre Judá e Israel.   Após isto, algumas guerras regionais ameaçaram a paz de ambos os reinos.



REINO DO NORTE



Enquanto à política interna de Israel, Jeroboão adotou a mesma estrutura administrativa de Salomão. Os impostos (não se sabe se altos ou não) e a corveia permaneceram em seu reinado. A ação mais importante de Jeroboão, entretanto, foi a religiosa. Para competir com o culto em Jerusalém, ele ergueu dois santuários: um em Betel e outro em Dã. Tal ação foi deveras crucial, pois, como só havia um culto oficial (em Jerusalém), isto o enfraquecia como rei. O culto em Jerusalém era uma celebração da aliança de Deus com Davi. Portanto, Jeroboão não podia permitir que só o reinado de Davi fosse legítimo.

Ambos os santuários erguidos eram antigos: o de Betel tinha associações patriarcais e um clero que se dizia de origem levítica; o outro, de Dã, tinha um sacerdócio que descendia de Moisés.

Para rivalizar com a festa do sétimo mês em Jerusalém, Jeroboão instituiu a festa do oitavo mês em Betel.

Para os judeus (reino do Sul), porém, o culto de Jeroboão era idólatra, pois foram feitos e postos nos templos, bezerros de ouro. Estes, longe de serem objetos de adoração (pelo menos num início), eram pedestais onde Javé ficava e era entronizado. Os bezerros de ouro, portanto, têm o mesmo significado dos querubins, da arca da Aliança, no templo de Jerusalém. O fato é que, passados os anos, e devido à presença da população canaanita, os bezerros passaram a ser relacionados com Baal, o que gerou grande revolta dos profetas posteriormente.

Uma das características de Israel foi a instabilidade política. Enquanto que, em Judá, os reis eram da linhagem davídica, em Israel, mudou de mãos 3 vezes em 50 anos.

Jeroboão, sendo designado profeticamente, tal qual Saul, morreu e foi sucedido por seu filho, Nadabe, que logo foi assassinado por, provavelmente, um de seus oficiais, Baasa, que matou toda a casa de Jeroboão. O mesmo aconteceu com ele. Quando seu filho, Ela, sucedeu-lhe, Zamri, um de seus oficiais, o assassinou e tomou o poder do reino do Norte. Após suicidar-se, Zamri, deu lugar a Omri, que após vários anos de brigas e lutas entre facções, assumiu o trono de Israel. Portanto, fica claro o caos político e de liderança que o reino do Norte vivia.


Omri, porém, fez um bom governo e Israel, apesar do pouco tempo em que esteve. Aliando-se a Tiro, conseguiu vencer seu inimigo mais poderoso, a Síria. Foi com Omri que Israel voltou a viver tempos de prosperidade econômica. Alguns autores relacionam isto devido à mudança da capital para Samaria, comprada pelo rei de Israel.

A grande crise deu-se após sua morte. Acabe, filho de Omri, casou-se com a filha do rei de Tiro, Jezabel. Esta introduziu em Israel o culto a Baal, colocando o reino em perigo de apostasia geral. Em Samaria foi feito um templo a Baal. Logo depois de um tempo, a rainha passou a perseguir os profetas que falavam contra a política religiosa de Acabe. É nesse período que surgem Elias e Eliseu, profetizando contra a casa de Acabe.

A dinastia de Omri teve seu fim com seus dois filhos: Acazias e Jorão, que posteriormente foi morto por Jeú (após ele ser ungido rei por Eliseu). Foi Jeú quem conseguiu livrar seu país do culto a Baal e que conseguiu permanecer sua dinastia por mais tempo no poder, durando por quase um século.

Jeú, entretanto, era um governante fraco. Com ele e, posteriormente, com seu filho, Joacás, Israel passou a ser estado tributário de Damasco. A salvação de Israel, porém, foi a Assíria, que conseguiu subjugar os sírios e apenas tributaram Israel. Com isso, Israel foi liberto da Síria e foi capaz de retomar seu crescimento com Joás, neto de Jeú.

Joás, além de expulsar os arameus do território israelita, também conseguiu dominar Judá, saqueando Jerusalém, derrubando parte dos muros e levando reféns. Morrendo Joás, substituiu-o Jeroboão II, que fez ressurgir, juntamente com Azarias, os estados-irmãos (aliança entre o Reino do Norte e o Reino do Sul).

Não se sabe se foi sob o governo de Jeroboão II que as grandes injustiças sociais se fizeram mais notórias. O fato é que os laços tribais (a união tribal, no Norte) foram enfraquecidos, criou-se uma classe privilegiada e a solidariedade que era característica da sociedade tribal foi destruída[3].

Da mesma maneira, a religião havia sido mudada. O culto a Baal havia pervertido a fé em Javé. A própria religião em Deus corria risco de tornar-se pagã.

Após, porém, a morte de Jeroboão, Israel viveu um estado de anarquia. Em 10 anos, 5 reis estiveram no poder, sendo que 3 deles se apoderaram por violência. Com o ressurgimento da Assíria, Israel teve o seu fim decretado. Após invadir todo o território israelita, os assírios os deportaram e Israel chegou ao fim, em 722 a.C. É antes do fim do Reino do Norte que surgem os profetas Amós e Oséias (contemporâneos de Isaías e Miquéias, ambos profetas do Reino do Sul).




REINO DO SUL



A principal característica deste reino foi a sucessão davídica do trono. Enquanto em Israel os reis se apoderavam do trono de maneira violenta, em Judá a sucessão era feita naturalmente, de pai para filho.

Roboão herdou o trono e manteve as políticas opressoras de seu pai. Não tendo a força dele, porém, o império dividiu-se. Sua força política não se comparava a de seu pai e avô. O império, outrora expandido e próspero, começou a ruir, perdendo territórios antigamente conquistados. Havia também tensão entre a aristocracia de Jerusalém e a massa popular rural. Enquanto a primeira apenas simpatizava com o Javismo, a segunda apegava-se fortemente às tradições ancestrais, sociais e religiosas.
       
Roboão foi sucedido por Abia (que fez alianças com a Síria e conseguiu derrotar Jeroboão, rei de Israel), e Asa, que assim como Roboão, teve dificuldades em defender Jerusalém, além de enfrentar uma invasão vinda ao sul de Judá, por parte de Zara.       

Josafá, sucessor de Asa, tratou de eliminar todas as influências e tendências pagãs em seu reino. Desta forma, o culto a Baal não conseguiu se estabelecer em Judá. Parece que Josafá foi um rei justo e muito capacitado,  implementando uma reforma judiciária e melhorando a área administrativa do reino.
         
Após Josafá, Jorão, seu filho, foi feito rei de Judá. Este, porém, era casado com Atalia, da casa de Omri, que conseguiu introduzir o culto a Baal em Judá. Pensa-se que, por influência dela, Jorão tenha matado todos os seus irmãos e partidários para que não houvesse rivais.  Acazias, seu filho, o sucedeu, mas logo foi assassinado por Jeú (do Reino do Norte). Após sua morte, Atalia tornou-se rainha e promoveu o culto a Baal em Jerusalém, paralelamente ao culto a Deus. Mesmo matando todos os descendentes reais, Joás, filho de Acazias, conseguiu sobreviver, graças a sua tia, a mulher de Joiada, que o escondeu no templo. Joás, após assassinarem Atalia, tornou-se rei em Judá, onde o regente era o sumo sacerdote Joiada, pois Joás era muito novo para reinar de fato.

Morrendo Joiada, Joás rebelou-se e fez um péssimo governo. Joás terminou assassinado e sucedeu-lhe Amazias.

Foi, porém, com Amazias que Israel, sob Joás (rei de Israel), invadiu e destruiu Jerusalém. Após morrer, Azarias, seu filho, foi coroado rei de Judá.

Azarias conseguiu reestabelecer a irmandade entre Judá e Israel juntamente com Jeroboão II. Foi com ele que Judá ressurgiu e gozou de prosperidade e paz.

Após esse período, a Assíria ergueu-se como potência mundial e ameaçava a Síria e Israel. Estes dois países pressionaram Judá, agora governado por Osias, filho de Jotão, para ajudar na batalha. Porém Judá recusou-se a unir-se a eles, o que fez a Síria e Israel a tomarem medidas contra Judá. Nisto, Jotão foi assassinado e sucedeu-lhe Acaz. Foi nesta ocasião que Jerusalém foi cercada pela coalizão. Neste mesmo ínterim Edom e a Filístia invadiram Judá. Portanto, o Reino do sul foi invadido por três lados.

Acaz, desesperado, apelou para a Assíria por ajuda. Este foi o momento Isaías aconselha a Acaz a não fazer isto. O rei, porém, não dando ouvidos ao profeta, seguiu o que havia planejado. A Assíria, por sua vez, aproveitando-se da fraqueza de Judá, atacou o reino do Norte, a Síria, os filisteus e até mesmo parte do Egito.


O reino assírio, contudo, não libertou por completo Judá, pois o fez um estado vassalo. Desta forma, Judá foi reduzida à servidão do império assírio. Acaz manteve tendências sincréticas em seu reinado, as condições econômicas não eram nem de longe as mesmas que havia gozado outrora, apesar de ter continuado sólida. Apesar da decadência de Judá, tal situação não se igualou à decadência do reino de Israel. Isto, porém, não quer dizer que a situação não era grave, pois a diferença de Judá para Israel era apenas gradual. Desta maneira, durante o reino de Acaz, Judá esteve sob domínio assírio, o que era sentido profundamente pelo povo. Quando Acaz morreu e passou o reino para seu filho, Ezequias, a política foi mudada, talvez por o jovem rei ter-se munido destes sentimentos a favor da liberdade e independência.

Portanto, Ezequias foi o responsável, devido seu zelo religioso e patriotismo, por uma profunda reforma cultual. Foi esta reforma a precursora da feita por Josias. Ezequias, assim como Josias, lutou por trazer o extinto povo do Norte para adorar em Jerusalém.

Assim que Sargão, rei da Assíria, passou seu trono para seu filho, Senaqueribe, Ezequias recusou o tributo. O jovem rei assírio era muito menos habilidoso que seu pai. Por isso a rebelião de Ezequias. A rebelião, porém, não resultou. Enquanto a política externa fervia contra a Assíria, Judá tornou-se um dos líderes desse movimento. Os assírios, porém conseguiram contornar a situação e, depois de marchar contra algumas nações, cercou Jerusalém, cobrando altos impostos, obrigando Ezequias a despojar tesouros reais e o templo para poder pagar estes impostos.

O fim de Ezequias se deu no combate contra a Assíria. Seu filho, Manassés, assumiu o trono, e logo fez as pazes com os assírios. Manassés, como vassalo da Assíria, voltou a permitir o sincretismo religioso, pois tinha de prestar homenagem aos deuses da nação soberana. Os santuários, que seu pai mandara fechar, foram reestabelecidos. O autor de Reis diz que Manassés foi o pior rei que havia sentado no trono de Davi.

Substituindo Manassés, Amon, seu filho, foi logo assassinado. Em seu lugar, foi posto Josias, de apenas oito anos de idade. No cenário internacional, a Assíria vinha colapsando e a Babilônia erguendo-se.

A independência nacional alcançada sob Josias se deu porque a Assíria já não intervinha por não ter mais forças para abafar rebeliões. Josias também fez a mais completa reforma religiosa. Pouco se sabe sobre o reinado de Josias entre a reforma e sua morte.  A reforma, porém, de maneira resumida, fez Judá voltar a participar, de maneira mais densa, do culto. É nesse contexto que Jeremias surge para dizer que isso não era suficiente, pois os pecados da sociedade permaneciam os mesmos.

A independência alcançada por Josias, porém, pouco durou. Joacaz, filho de Josias, assumiu o trono, mas logo foi deposto e levado cativo ao Egito em apenas três meses de reinado. Em seu lugar, reinou seu irmão, Joaquim, como vassalo egípcio.

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Judá foi invadida pela Babilônia (que derrotou os egípcios) e teve seus habitantes deportados para lá. Joaquim, rebelando-se contra os babilônios, morreu assassinado. Jeoaquim, seu filho, foi entronizado rei de Judá. Em apenas três meses, porém, a cidade capitulou ante a Babilônia. Toda a corte foi levada cativa à Babilônia e seu tio, Zedequias, foi posto como governante.

Em 589 foi o fim do reino de Judá. Jerusalém foi destruída e Zedequias foi levado acorrentado pelos babilônios e a segunda parte dos judeus, que ainda morava na cidade, foi levada cativa. Antes disto, Sofonias, Naum, Obadias, Joel e Habacuque foram profetas de Judá (além de Jeremias, já citado).

O povo ficou 70 anos no exílio babilônico. Neste período, surge Ezequiel[4], profetizando ao povo de Judá. O período de exílio acaba com o surgimento da Pérsia, que permitiu ao exilados a volta a sua terra de origem.

Quando o povo de Judá retorna a Jerusalém, o povo não dá importância à construção do templo. Os profetas Ageu e Zacarias surgem para alertar o povo a não se esquecer de Deus. É após o período de exílio que surgem Esdras, Neemias e Ester.

Malaquias “fecha” a história bíblica. O povo voltou a desagradar a Deus através dos sacerdotes e líderes, e Malaquias surge neste contexto, falando contra os líderes e sacerdotes.

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[1] cf. páginas 24 e 25 do livro "História de Israel e dos povos vizinhos" de Herbert Donner.
[2] Através do Templo em Jerusalém, ao lado do palácio do rei, a linhagem davídica era legitimada como a escolhida por Deus.
[3] Havia movimentos em Israel, desde Saul, que eram contra a instituição de uma monarquia (Samuel fazia parte deste movimento, cf. I Sm 8.7).
[4] Ezequiel é tido como o último profeta em Judá. Os demais (Ageu, Zacarias e Malaquias) faziam parte de outro tipo de profetismo.

Marcus Menegatti é o autor do blog TEO E VIDA e bacharel em Teologia, formado na Faculdade Batista - Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil. 

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